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Editorial

Editorial

Comemoramos com a publicação de mais este número a trajetória cada vez mais consolidada na direção da indexação da revista que, há quase cinco décadas tem cumprido a tarefa de socializar discussões, problematizações e experiências em saúde. O Boletim da Saúde tem como horizonte a ampliação do conhecimento e das possibilidades de intervenção e criação de novos cenários em diálogo aberto e franco (não poderia ser diferente) com trabalhadores, gestores e com a sociedade em geral.

O longo tempo necessário para finalizarmos este número, 2016/2 adentrando 2017, é representativo de um momento histórico carregado de incertezas, temores que somados a outros sentimentos difusos tem, de forma avassaladora impactado a todos e imobilizado alguns. Momento em que a avalanche neoliberal impacta no campo das políticas sociais de forma truculenta, retira direitos e reacende posições que se amparam na lógica da cidadania invertida a qual, em um país marcadamente classista e racista que diferencia os que merecem mais (mérito) e os que merecem menos (incapazes) encontra substrato para vicejar.

Teme-se que o Sistema Único de Saúde conquistado pela população corre o risco de voltar a ser um sistema seletivo, excludente que nega a concepção de que “todo ser humano — independentemente dos seus méritos, do seu salário, da sua renda, de ter seguro saúde ou não, de ter seguro previdenciário ou não - tem direito à vida” (WAGNER, ABRASCO, 2016), e que o direito à saúde não é mercadoria, pois compõe a Seguridade Social a partir do contrato social consolidado na Constituição de 1988. Na contramão do processo de desmonte do SUS, esta edição do Boletim da Saúde, assim como as anteriores, vem aclarar mentes e corações compartilhando artigos carregados de reflexões e subsídios que alertam dos riscos, fomentam resistências e socializam êxitos.

Nessa perspectiva, a edição inicia com artigo que reitera a importância da categoria intersetorialidade no percurso formativo na Residência Integrada em Saúde Mental Coletiva (Ceará) e sua contribuição na promoção da saúde mental e na melhoria das políticas e dos serviços existentes nos territórios em que se dá a formação. O artigo ampara-se nos princípios das Reformas Sanitária e Psiquiátrica no Brasil.

O segundo artigo é uma investigação bibliográfica, também com ênfase na saúde mental, que correlaciona marcos jurídicos legais brasileiros com as representações de práticas de cuidado produtoras de autonomia. Artigo, que certamente subsidiará novas reflexões sobre um tema tão rico quanto desafiador. Ainda sobre a categoria autonomia, o terceiro artigo é uma contribuição de pesquisadores argentinos compartilhando “novos” dilemas enfrentados no país, a partir de mudanças e alterações no Código Civil e Comercial e seus reflexos nas decisões que os jovens podem ter sobre seus corpos. O quarto artigo, assim como o anterior, tem na infância e na juventude sua centralidade e aborda de forma rigorosa a importância da Notificação Compulsória como mecanismo de proteção e de garantia dos direitos das crianças e adolescentes que são vítimas de violência.

Criado por meio da Portaria n° 154/2008, o NASF participa na consolidação da Atenção Básica com abrangência e resolutividade ampliadas, prevê equipes multiprofissionais, objetiva o trabalho integrado às ESFs, apoia e compartilha saberes, estabelece uma lógica de trabalho de apoio matricial com função gerencial e relação horizontal, pretende romper com o excesso de burocracia e estabelece relações de reciprocidade e apoio. Por sua importância no SUS tem inspirado pesquisas e investigações. Assim, o quinto artigo enfatiza as contribuições do trabalho das equipes do Núcleo de Apoio à Família (NASF) na Atenção Básica em Saúde tendo como produto a potencialização da Clínica Ampliada com a constituição de Linhas de Cuidado. Já, o sexto artigo apresenta uma contextualização do que vem sendo explorado e adensado nos estudos sobre o NASF no período de 2010 a 2015. Trata-se de uma revisão de literatura de artigos disponíveis na base de dados BVS; de domínio público; e de relevância reconhecida na área da saúde. A leitura do artigo pode subsidiar a proposição de outras investigações sobre o NASF ou mesmo de atualização da atual situação do NASF no Brasil.

O sétimo artigo utiliza o modelo de Vigilância em Saúde para analisar a relação do Programa Bolsa Família com a Política de Saúde. Reflexão oportuna para qualificação desse programa governamental de redução da desigualdade social e que tem sido sistematicamente atacado na mídia brasileira.

Da Itália recebemos o oitavo artigo que aborda a educação em saúde para enfrentamento de problemas tanto de ordem existencial, como individual e social. Artigo com centralidade no mundo do trabalho e aposta na educação em saúde como uma possibilidade de recuperar a participação dos sujeitos na gestão de sua própria saúde. O nono artigo aposta na educação não formal como estratégia para potencializar a cidadania em uma comunidade de etnia cigana em Portugal. A forma criativa de trabalhar com a comunidade se dá por meio de projeto de horta comunitária amparado em metodologia de investigação-ação participativa. Daí a inspiração do título “semear para educar”.

O décimo artigo aborda o adoecimento, as consequências físicas e psicológicas ocasionadas pela síndrome de Burnout. É leitura obrigatória para todos os trabalhadores assim como o décimo primeiro artigo que apresenta a realidade dos acidentes do trabalho no Rio Grande do Sul por meio dos dados disponibilizados pela Previdência Social.

Finalmente o último artigo desta edição tem no seu título uma mensagem (por isso fecha a edição): E a vida continua... Trata-se de uma reflexão sobre obra cinematográfica que com criatividade e emoção serve como disparador de reflexões e aprendizagem.

Sim! A vida continua e com ela os sonhos e as esperanças, dos autores presentes na edição, de contribuir com seu trabalho, competência e conhecimento para um mundo mais justo, menos desigual em que as políticas sociais públicas, em especial a Política de Saúde sejam cada vez mais consolidadas e universalizadas.


Maria Isabel Barros Bellini


Editora

 

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Boletim de Saúde - ESP/RS