Editorial
Autores: Editorial
É com muito orgulho e satisfação que apresento este número do Boletim de Saúde que representa e comemora uma gestão de sucesso. Trata-se da gestão 2015/2018 da Escola de Saúde Pública (SES) representada pela prof. Teresinha Valduga, a qual resgatou a publicação do Boletim abandonada nos idos de 2011 até o início dessa gestão em 2015. Em sua 4ª edição e 26° volume o Boletim de Saúde segue no compromisso de dar voz e visibilidade às experiências em saúde de trabalhadores, docentes, pesquisadores, residentes, acadêmicos tendo como horizonteguia contribuir para a consolidação do SUS. Esta edição do Boletim é também uma forma de prestar contas de uma gestão que se caracterizou por valorizar o conhecimento, as produções e experiências dos trabalhadores da política de saúde.
Os artigos aqui publicados expressam ao mesmo tempo a riqueza e a dramaticidade das experiências e pesquisas em saúde convocando a todos e todas para cada vez mais defender um sistema universal e gratuito de qualidade.
E assim, irmanados nesta direção, o artigo Fórum Perinatal do Rio Grande do Sul: memórias e potências da experiência entre 2014 e 2017, apresenta aos leitores o Fórum Perinatal o qual se configura como a instância prevista na implementação da estratégia Rede Cegonha com a responsabilidade de qualificar a atenção materno-infantil e melhoria dos indicadores da assistência à saúde durante o pré-natal, parto e nascimento, puerpério e abortamento. As autoras pesquisaram a memória das 21 edições do Fórum reiterando tratar-se de um elemento estratégico e catalisador de processos coletivos de experimentação de socializações possíveis e desejáveis dentro da implementação de uma política pública.
O artigo Cuidado em saúde a partir da prática da visita domiciliar na estratégia de saúde da família no município de Venâncio Aires (RS) aborda a visita domiciliar, a qual se configura como instrumento utilizado nas diferentes políticas públicas e que na Política de Saúde assume uma condição especial, resgatada neste artigo pela autora, na medida de fortalecer vínculo entre o profissional e o usuário qualificando as ações na perspectiva da integralidade com melhora na qualidade de vida dos usuários.
A sífilis é ainda um grande desafio para a Política de Saúde no Brasil. As autoras do artigo O perfil epidemiológico da sífilis congênita em uma região de saúde do Rio Grande do Sul, 2015, ao investigarem o perfil epidemiológico dos casos de sífilis congênita da 10a Região de Saúde do Rio Grande do Sul do ano de 2015 chamam atenção para possíveis falhas na implementação de Políticas Públicas voltadas para prevenção da sífilis.
O artigo Rede de atenção à saúde e educação em saúde, a intersecção necessária: sífilis em gestante e congênita no município de Esteio, incidiu sua atenção na identificação de potencialidades e fragilidades na Rede de Atenção à Saúde (RAS) referentes à educação em saúde e ao cuidado às gestantes/parceiros com sífilis e seus neonatos e assim contribuir com estratégias de educação em saúde para o enfrentamento de uma doença que cada vez mais exige prontidão e competência dos gestores e trabalhadores da política de saúde.
Ainda sobre a sífilis, o artigo O perfil de nascidos vivos com sífilis congênita precoce na adesão à terapêutica de seguimento, estudou e analisou o perfil de nascidos vivos com sífilis congênita precoce na adesão à terapêutica de seguimento, para investigar possíveis falhas que acarretaram na transmissão vertical, no município de Cachoeirinha (RS), no ano de 2017. As autoras reiteram que o enfrentamento da sífilis congênita exige a educação permanente dos profissionais em saúde envolvidos no cuidado pré-natal o que possibilitaria o diagnóstico precoce, tratamento adequado com resultados positivos na prevenção de novos casos.
O artigo Amamentação: dificuldades encontradas pelas mães que contribuem para o desmame precoce, ouviu mães que amamentaram ou amamentam seus filhos buscando identificar fatores que possam contribuir para o desmame precoce. Os resultados indicam a importância do trabalho em saúde na assistência integral nesse momento da vida das mulheres/mães.
O artigo Prevalência de recém-nascidos prematuros e fatores de riscos associados em uma maternidade referência estadual de atenção à gestante de alto risco no período 1° a 25 de março de 2015, destaca que a prevalência de partos prematuros no Brasil é de 11,7% o que coloca o Brasil em décimo lugar entre os países que mais nascem prematuros (OMS) e impõe a importância deste tema. Ainda que prematuridade tenha diversos fatores envolvidos, nas conclusões o artigo reitera a necessidade de aprofundar sobre os possíveis fatores associados ao atendimento em saúde qualificado.
No artigo Fatores associados à internação no primeiro ano de vida de crianças assistidas em unidades básicas de saúde de Gravataí, a autora investigou a prevalência de internação no primeiro ano de vida com ênfase nos fatores associados, a amostra envolveu 50 crianças nascidas entre 2016 e 2017 no município de Gravataí. Os resultados enfatizam a importância da identificação dos fatores relacionados à internação no primeiro ano de vida para as melhores práticas dos profissionais de saúde principalmente quanto ao planejamento de estratégias de prevenção e promoção da saúde.
O artigo O cuidado com a família da criança na unidade oncológica: uma revisão bibliográfica, apresenta a análise de produções científicas tendo como objeto o cuidado com a família da criança que está sendo atendida em unidade de oncologia. Nas reflexões finais é destacada a importância de um conhecimento aprofundado pela equipe a respeito da família que está sendo atendida para assim construir vínculos de confiança, entre família e equipe. Essa relação de confiança possibilitará um melhor enfrentamento da doença pela família.
O artigo Atuação dos enfermeiros de estratégias de saúde da família no controle social do SUS em um distrito sanitário de Porto Alegre teve como objetivo conhecer as ações realizadas pelos enfermeiros para potencializar o controle social identificando facilidades e dificuldades neste tipo de ação. O artigo destaca que o vínculo estabelecido entre profissional e comunidade é significativo e que ele é o ator potencial no fomento ao controle social e na aproximação usuários x controle social. O desafio está localizado no desinteresse da população em participar das instâncias de controle social.
Tendo a família como sujeito principal da investigação o artigo Fortalecimento das relações familiares a partir da estratégia de sala de espera na atenção primária à saúde: um relato de experiência, aborda a experiência de intervenção em Grupo de Sala de Espera que teve o objetivo principal de fortalecer a relação familiar de gestantes e mães com filhos recém-nascidos. A partir dos resultados positivos da intervenção, a autora aponta que a abordagem em grupos de sala de espera podem ser experiências importantes de cuidado em saúde para a população. Esta edição fecha com “chave de ouro” o compromisso do Boletim apresentando artigos com temas diversos que abordam, ainda que não totalmente pela complexidade que é a realidade da saúde, alguns dos muitos enfrentamentos do cotidiano do trabalho em saúde. São artigos que tratam de realidades dramáticas e que exigem uma postura rigorosa e comprometida dos trabalhadores, gestores, pesquisadores, estudiosos e da população em geral na luta por um SUS que é nosso, deve ser defendido e cada vez mais fortalecido.
Ao agradecer aos autores e autoras por terem escolhido e acreditado no Boletim de Saúde como veículo para compartilhar seus saberes e fazeres, parabenizo pela qualidade de suas produções.
Parabenizo a direção da ESP e a equipe do CEIDS/ESP pela organização de todas as edições do Boletim de Saúde.
Expresso aqui meu profundo desejo de que o Boletim de Saúde da ESP/SES siga sendo cuidado e valorizado pelas gestões que estão por vir.
Maria isabel Barros Bellini, editora