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Página inicial > Edições Anteriores > Todas as Edições > v. 25, n. 1 - jan./jun. 2016 > Editorial
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Editorial

Editorial

Aos Leitores, nossos eternos parceiros O Boletim da Saúde, considerado a alma da Escola de Saúde Pública/SES, é uma revista que faz parte da vida dos trabalhadores da política de saúde há 47 anos. Dar voz ao Boletim é uma forma de valorização e de consolidação do que historicamente vem sendo construído pelos trabalhadores da rede de saúde. Com um novo projeto editorial mais moderno, o Boletim atende as exigências de normatização atingindo abrangência nacional e internacional, salto qualitativo sustentado no compromisso ético com os trabalhadores e com a política de saúde.

Esta edição abre com o artigo que aborda o apoio institucional como mais uma possibilidade de fortalecimento da Atenção Básica (AB) e implantação das Redes de Atenção à Saúde, reiterando a importância tanto da AB como da Educação Permanente no processo de consolidação do SUS. Expressa o trabalho vivo em ato, pois tem vinculação com quem faz o trabalho e cuida da vida em geral e da vida do outro, privilegia as redes de atenção, rompendo com determinantes da hegemonia do modelo de saúde biomédico e hospitalocêntrico historicamente construído.

O segundo artigo aborda a integralidade, educação permanente e trabalho em equipe e sua importância na formação de profissionais que atuarão na rede de saúde destacando que essas categorias tomam um sentido mais consistente quando trabalhados nos lócus de intervenção, ou seja, nos serviços. A indagação já no título do terceiro artigo é um desafio que instiga a leitura, pois aborda dois temas fundamentais: educação popular e saúde. A educação popular como paradigma educativo tem como estofo os saberes populares e como horizonte a emancipação humana e a transformação social e é contribuição do maior pedagogo brasileiro, Paulo Freire. A consonância entre educação popular e saúde se confirma na medida em que se entende a saúde como direito de todos, que deve ser garantida de forma integral e equitativa e que para ser consolidada exige a conscientização, a valorização dos saberes e da cultura, a inclusão de todos, convocando para sua solidificação a educação popular. Frente aos obstáculos

que se agigantam sustentados pelo crescimento das políticas neoliberais as quais não tem como valor o coletivo, o popular, o direito e sim o individualismo, o privado e o lucro, o tamanho do desafio está expresso na densidade das palavras do autor do artigo “articular mundo dos sonhos, a utopia com a realidade do mundo de hoje, cada vez mais difuso, sem fronteiras e que se transforma aceleradamente” (ALBUQUERQUE, 2016). Ainda na perspectiva da educação popular, mas com ênfase no controle social o quarto artigo compartilha os resultados de pesquisa realizada em Centro de Atenção Psicossocial enfatizando nos seus resultados que a Educação Permanente quando amparada na educação popular ressignifica e redimensiona os processos de trabalho em saúde.

O quinto artigo aborda tema do cotidiano desafiador de consolidar uma política de saúde universal e de qualidade contando para isso com a participação do trabalhador desta política que tenha nesse desafio e nesse cotidiano mais satisfação do que sofrimento. As autoras impõem uma reflexão fundamental que incide no protagonismo do trabalhador sobre seu sofrimento, sua saúde, sua criatividade, enfim assumindo a autoria da própria vida.

O sexto artigo, ao tratar da dor e do sofrimento na relação com o cuidado e com o cuidador em saúde, conduz a refletir sobre o trabalho em saúde, o cuidado com o próprio corpo, com a própria vida e o cuidado e a vida do outro. Mais do que um alerta sobre o risco da solidão que se estabelece quando o trabalho em saúde impossibilita de estar/ser com o outro, alerta para solidão imputada aos que necessitam da intervenção de um profissional.

Ao utilizar o filme A pele que habito de Pedro Almodóvar os autores criam engenhosamente uma relação que permite a analogia entre o filme que trata de situações criadas à revelia das vontades dos personagens – Vicente que se transforma em Vera em uma transexualidade forçada – com os modos de vida contemporâneos. E assim como Almodóvar que colocou o expectador em uma situação desconfortável e tensa. O sétimo artigo desconforta e instiga o leitor ao alertar sobre o corpo que impossibilita a respiração, o movimento e a reinvenção e ao questionar sobre “possíveis saídas e brechas”. Nas sociedades capitalistas o trabalho tem sido cada vez mais fonte de sofrimento e adoecimento consequência da precarização das condições expressas nas diversas formas de exploração e subordinação.

O oitavo artigo, trata de pesquisa, ouviu trabalhadoras quanto às suas dores e encontrou que sentimentos como a impotência, resignação e a limitação concreta para realização de tarefas cotidianas. A avaliação dos sistemas de saúde é fundamental para garantir o atendimento com qualidade das necessidades de saúde da população e deve contemplar a relação entre o custo e o impacto dos serviços sobre a saúde da população.

O nono artigo aprofunda a discussão sobre a avaliação de políticas afirmando a importância da participação da comunidade e de outras instituições que possam impactar positivamente na produção de conhecimento com consequente tomada de decisão e construção de ações. Considerando os parâmetros de produção capitalista cada vez mais o trabalho tem sido reduzido à lógica instrumental de produção de mercadoria, geração de lucro e/ou sobrevivência. Estudos sobre o trabalho como fonte de realização e satisfação, como o proposto no décimo artigo, são sempre fonte de indagação e curiosidade intelectual e ao mesmo tempo suspiros de esperança ou desesperança.

O último artigo apresenta o perfil dos usuários de um serviço. Sabe-se que a informação consistente, de qualidade e segura é também instrumento político para reivindicação e negociação política, pois exige dos trabalhadores e gestores uma posição frente ao dado que “não mente” e que “denuncia” a necessidade de ações concretas.

Enfim, a reedição do Boletim de Saúde, foi o resultado do investimento paciente e persistente, da atual gestão da Escola de Saúde Pública apesar das adversidades do momento político-econômico. Em especial destacamos colegas que, para além do que lhes cabe como atribuição profissional superaram os obstáculos para que esta publicação acontecesse, são eles: Teresinha Valduga, Silvana Amaro, Lia Mara Dilélio, Luis Henrique Esteves ... A esse grupo corajoso, incansável, esperançoso Aristóteles diria “A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.”

 

Maria Isabel Barros Bellini

Editora

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Boletim de Saúde - ESP/RS